sexta-feira, 29 de abril de 2011

Que a distância me diga algo




Sim, estou tentando respeitar o seu espaço, não andar na corda bamba do limite, ser menos invasiva, menos insistente, menos preocupada, menos eu. Sim, estou tentando te deixar mais à vontade, quero não dar motivos pra reclamações, não ser o motivo do fim de nada, por mais que esse nada seja a mais insignificante das coisas. Assim, sem pedidos, sem canseira, sem ligações, sem presentes - acho que você se sente melhor dessa forma. Faço isso mais por você que por mim, mais por esse carinho que eu nem sei de onde vem.
Sim, estou me limitando a responder o que você pergunta quando pergunta e deixando os meus questionamentos pra depois - quem sabe, nunca. Só espero que isso não mate nada que existe aqui, que todo esse distanciamento não crie buracos entre o que eu acho que pode ser duradouro. É que eu não sei muito bem o que fazer, sabe? Me dê sinais de até onde chegar, sem se ofender, sabendo que eu não sei. Me diga quando te chamar, quando não falar, quando posso ser eu e te abraçar e gritar e cantar e sorrir sem atrapalhar. Me conta o que te dizer quando o que eu quiser falar não soar muito bem aos seus ouvidos. Me ensina a me queixar, me dá um abraço seguido de um olhar que acalma. Me chama pra correr, pra brincar, me ajuda a sair de mim. Esquece tudo aquilo que eu já falei, esquece o que te afasta de mim, o que você não quer e que eu me esforço (muito!) pra não querer também. Me ensina a te entender, mas tenha paciência com o meu processo de adaptação um pouco lento. Me auxilia a eternizar o que deveria ser eterno, isso que me faz tão bem e que eu queria que também fizesse o mesmo com você. Que fique claro: eu preciso de você! De qualquer jeito, acredite. Eu preciso de você e só.
Sim, eu estou me esforçando e se não der certo, eu sou testemunha de que eu tentei.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Pós mergulho





Ela chegou em casa e deitou na cama, com os pés no chão, a cabeça enterrada no colchão, os cabelos em desalinho sobre o lençol, os pensamentos vagarosos como se não quisessem passar nunca. E ela não queria que eles passassem, que aquele sentimento passasse, que aquele sorriso bobo acabasse. Ela queria aquilo pra sempre. Suas pernas dobradas, tocando apenas as pontas dos pés já cansados no piso frio e seus olhos abertos fitando o teto, porém vendo o que acabara de ver, lembrando aquele passado recente que ainda suspirava, que não estava morto, havia nascido há pouco e por mais que perdesse forças, ainda estava vivo, latente.
Se viu em um espiral de emoções, um rodeio, uma roda, um rosto, um risco, um rio azul com fios de ouro nas bordas. Continuava a sorrir, a ter devaneios que sabe Deus se viriam a ser realidade algum dia. Ela apenas fechava os olhos e sentia, sorria, sumia, sabia e quase amava.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Isso...





Eu queria que isso tivesse alguma importância. Poderia servir pra alguma coisa. Poderia não só existir como também ser especial pra mais alguém que não fosse eu mesma. Poderia fazer bem, poderia inspirar, suspender a respiração, ter cheiro, forma, dar cor. Poderia cantar pra gente, ter um nome, afagar os cabelos na hora do choro, dar a mão na hora do grito.
Eu queria que isso fizesse voar, desse impulso. Eu queria que tivesse pulso, tirasse do sério, subisse à cabeça, fizesse perder os sentidos. Eu queria que fosse meu, seu e, além de tudo, nosso.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Viva!




"(dez e)Sete botas pisaram no telhado
(dez e)Sete léguas comeram-se assim
(dez e)Sete quedas de lava e de marfim
(dez e)Sete copos de sangue derramado
(dez e)Sete facas de fio amolado
(dez e)Sete olhos atentos encerrei
(dez e)Sete vezes eu me ajoelhei
Na presença de um ser iluminado
Como um cego fiquei tão ofuscado
Ante o brilho dos olhos que olhei"

Zé Ramalho me emprestou a música dele (Canção Agalopada) com algumas pequenas modificações. Tomara que venham mais 170 dias como esse.