quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Em busca de um lugar que seja meu





É chegada a hora de ir. Adeus. Esse lugar não me comporta mais (creio que a minha impaciência tenha feito com que eu, na minha busca pela felicidade, tenha perdido a forma habitual de forma a não caber mais aqui). Todo esse barulho me ensurdesse, todas essas luzes me cegam. Quem me servia de espelho agora me ofusca. Não posso mais ficar.
Estou sufocada e quando busco sossego no vazio do quarto, me deparo com pensamentos que não me deixam em paz, me apertam a garganta, me atingem a cabeça, desorganizam minhas certezas, me molham o travesseiro. Eu preciso ir. Como ficar se não posso respirar? Necessito de ar e, se não for pedir demais, quero poder distinguir cheiros. Aqui eu não vejo, não sinto, não vivo. Cansei de segurar com as mãos esse coração que só sabe disparar por coisas sem sentido. Incrível como ele ainda dispara! Já deveria ter se cansado disso assim como eu já me cansei de aguentá-lo, tão inocente, coitado. Ele precisa de descanso também e esse é um dos motivos pelos quais eu tenho que ir.
Se você - que me aturou na hora das crises, me confortou na hora do choro, me abraçou na hora da insegurança - se você quiser me achar, sabe onde me ver. Você me conhece melhor que eu mesma. Eu, que sempre fiz questão de me entender, não sei nem o que me dizer na hora em que o céu cai sobre mim, mas você sabe.
Essa é a hora da despedida e estou sendo o mais egoísta possível: tomei essa decisão pensando em mim e só. Preciso mudar daqui e de mim, preciso me mudar. E aquela música... Mesmo que eu vá, ela vai continuar em mim, gravada como que por decreto. Eu estou indo. Adeus pra você. É hora de modificar o que não satifaz, de afogar o que me afoga, de deixar de lado o que me machuca. É hora de esquecer. Esse lugar não é mais meu. E se você olhar pro céu agora, vai ver escrito em letras garrafais a resposta do porquê de tanta mudança: PORQUE A MONOTONIA DÓI. A DOR DÓI.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

E quando eu choro...




É tão fácil se perder, justo naquele momento em que você consegue se encontrar, se conhecer ou pelo menos fingir isso muito bem. É tão fácil se regrar quando você esquece o sabor de se permitir, de poder. Tão fácil quanto chorar. Tá vendo? Sei que posso começar a qualquer hora.
Não, eu não estou triste, mas isso não significa que eu estou chorando por causa da alegria que me invade, me arromba, me incendeia. Muito fácil chorar, pelo menos pra mim. Acho que tenho esse dom desde pequena, que me fez saber até que ponto minha dita sensibilidade aguenta ficar quieta, retraída, só no meu interior sem ter que se fazer visível aos olhos do ar que eu tenho que respirar, mesmo que às vezes não queira. Querer... Tão fácil querer quanto chorar. Tão fácil me apegar, me apaixonar e tentar esconder isso. Tão fácil me ofender, me machucar, me marcar com fatos banais e isso nem eu mesma sei porque. Tão fácil me entender. Difícil é explicar como eu sou. Difícil é segurar o choro que agora me acompanha, me inunda por dentro, me risca o rosto por fora.
Sabe, pode parecer estranho, mas me é tão bom chorar. Esquisito. O que é esquisito me atrai, mas não por eu querer ser diferente, simplesmente por querer entender tudo o que é realmente esquisito em todas as suas esquisitisses. Quero entender também tudo o que é triste, tudo o que é sombrio, temeroso. Quero saber identificar, compreender e tentar mudar, nem que seja só um pouquinho e fazer algo triste sorrir. Ah, tão fácil querer modificar! Tento me modificar a todo instante em que não me suporto mais e nessas horas, às vezes sem explicação, eu também choro.
Vem de dentro, o olho arde, a respiração começa a se fechar. Brota água no canto do olho e, de repente, brota água no olho inteiro. Então já sinto essa água me acariciando o rosto como se me pedisse pra ficar bem. E eu vou ficar bem.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sintonia




Tenho pensado muito ultimamente em tudo o que me tem feito sorrir, talvez pela necessidade disso. Necessidade essa na qual eu mergulhei de cabeça, fiquei submersa, completamente tomada. Eu preciso sorrir e dar valor a quem me faz contrair os músculos da face de forma a esquecer tudo o que se passa fora de um raio de metro e meio à minha volta. No meio desses pensamentos, me senti obrigada a lembrar de um refúgio longe, distante, intocável, no entanto absudamente importante. Um refúgio que simplesmente apareceu e me segurou, que dá berço às minhas palavras soltas, que virou o motivo da minha crença no impossível. Eu sei, não vai ser fácil encontrar outro refúgio no qual eu não possa depositar meus olhos aflitos na hora da insegurança e mesmo assim me sentir confortada, no qual eu não possa procurar seus braços em um abraço quente quando a alegria me trouxer em suas asas. Não, não vai ser nada fácil. Me considero sortuda pelo privilégio de ter um refúgio que é meu desafogo estando lá e não aqui.
Sim, seu moço, eu tenho uma amizade lá, onde o sol toca o mar na hora de dormir, onde a lua tem espelho quando é necessário retocar sua beleza, eu tenho uma amizade lá. E sei que é de verdade, caso contrário o coração não ia disparar com a vontade de qualquer abraço, por mais rápido, ao acaso e sem motivo que seja. Caso contrário, os olhos não iriam brilhar com o simples pensamento em um possível encontro. É de verdade, seu moço.
E é tão bom quando escuto a voz que me acalma, com aquele sotaque, quando o assunto nem é dos mais urgentes. É tão bom te sentir ao lado, amizade, quando o que nos separa são pedaços de chão sem piedade, que não conhecem o sentido do sentimento que nos aproximou pela alma. É tão bom sentir a sintonia que tem cor própria, luz própria, sentido único, direção certa. É tão bom saber que o que me une a você, amizade, independe até mesmo da presença pois existe a sintonia da mente. Eu sei que quando a gente se encontrar, tudo o que a distância não favoreceu vai se fortalecer e, mesmo que o olho encha d'água e a visão fique distorcida por conta da emoção, poder te ver vai ser um presente tão grande ao ponto de se tornar o momento em que o laço que nos mantêm unidas terá o eterno reforço da lembrança, da presença e, um dia, da saudade. Amizade, obrigada por me fazer sorrir.

Porque o '2' é um número até significativo e que tem a sua importância.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Eu e aquela nuvem ali





É errado tentar se apossar de uma nuvem que voa vaga pela céu? Tendo em vista que ela não tem dono, isso pode ser visto como um aprisionamento. Tendo em vista que essa posse pode fazer bem à nuvem, isso pode ser visto como uma salvação.
Eu quis pegar uma nuvem pra mim e tê-la no teto do meu quarto. Quando eu saísse, pegar um pedacinho de nuvem e por no bolso ou na bolsa. Quando eu tivesse fome, comê-la. Quando eu estivesse triste, me esconder nela. Eu tanto quis pegar a nuvem pra mim, que me acusaram de privatizar o que não tem dono, me chamaram possessiva e egoísta. Eu só queria salvar aquela nuvem solitária, juntando a solidão dela com a minha - veja só que belo, duas solidões juntas podem se completar! -. Eu tanto quis a nuvem que, na tentativa de pegá-la sem que ninguém percebesse, me distraí, ela fugiu amedrontada, vagou pra outro lado do céu onde minha visão não alcança.
Minha vida com a nuvem poderia ser bela, não fosse a minha tentativa de posse. Esse mundo capitalista! Pense, eu poderia vê-la no céu, decifrar suas formas. Sim, eu gosto do que não tem forma certa, do que muda, do que me faz querer entender mas que não exige explicações, eu gosto do incerto. Aí está: gosto de nuvens. Eu queria uma, mas nenhuma nuvem quis ser minha ainda. Talvez chova e ela venha a mim em forma de água.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Chega!




- Estou caçando o que eu não sei porque sinto algo que não sei definir e eu preciso de alguém que talvez eu ainda não conheci. Isso é o que mais me intriga... Esse alguém não aparece! E eu aqui, esperando. Talvez fosse fácil esperar por alguém que não se conhece. Talvez não por não saber seu rosto e pensar a toda hora que esse alguém chegou. Não, não chegou - decepção. Ei você, vê se não demora! Chega logo, se mostra, me mostra que valeu a pena esperar - caso seja real. Chega!
- Pronto, já chega, né?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tal como é




Fugindo como quem corre do vento, com uma música na cabeça que é pra quando não souber mais o que falar. Tem sido assim há muito tempo. Desistindo de muita coisa, sempre com uma desculpa pronta pros erros que sabe que são muito prováveis que ocorram. Ora, se já sabe dos erros que cometerá, por que não os impede? Talvez isso não seja da sua competência ou você não quer que seja. Se livrando de qualquer peso do rosto quando entrega sorrisos sinceros, mas embutindo pesos no seu interior por não saber o que fazer com eles. 'Ninguém é obrigado a pegar meus pesos e tê-los como propriedade privada e, se ninguém vai pegá-los, pra quê jogá-los fora?'. É isso o que você pensa? Pobre.
Brincando como quem nunca sabe o que está por vir, mas sempre com um pensamento sério em mente que é pra quando a brincadeira perder a graça. Sempre com emoções à flor da pele, à flor da mente, com uma flor na mão. Não, ninguém vai pegar a flor.
Fugindo sem saber pra onde ir, com uma foto na bolsa que é pra quando a saudade bater, que é pras lágrimas terem o que molhar quando insistirem em sair, que é pra memória se lembrar que houve algo bom de onde se saiu correndo, com raiva da monotonia. Abraçando muito e sempre que é pra libertar os anjos interiores. Assoviando melodias que revelam o ritmo da alma e escrevendo algumas palavras em ordem que revelam os desejos íntimos.
Olhando constantemente pro céu que é pra ter onde se refugiar quando nada parecer ter sentido. Chorando muito fácil que é porque não tem como mudar isso. Realmente não tem. Não é fraqueza, nem autopiedade. É apenas um jeito dolorido de ser que talvez ninguém vá entender e nem queira.
Lutando contra os sentimentos como quem depende disso pra viver. E pode ser que dependa. Criando uma memória seletiva, com uma faca na mão que é pra ferir o que insistir em não ir embora, mesmo que em vão. Tentando ter certeza de uma vida póstuma que é pra quando o coração resolver parar de bater. Deixando aqui no vento o meu endereço que é pra quando alguém quiser me achar.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Toda força possível




Ah, menina, força! Saiba ser resistente, ser forte, ser firme. Assim, quem sabe, será mais bela. Tenha o olhar fixo, o coração constante, a respiração normal, a emoção inerte. Força! Não se deixe levar, não se deixe abater. Seja forte como nunca. Não chore, não piore a situação. Sem drama, sem medo, tenha raça. Estabilidade. Equilíbrio. Não! Não! Isso não é ser forte, é ser fria. Menina, deixa isso pra lá, tenta apenas ser feliz. Entendeu? SER FELIZ.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E cai...





Olha, o céu tá caindo!
Peço atenção
O mundo cai
A vida em queda
Eu aqui, com os pés no solo
Já caí.
Meus sonhos caindo
A cabeça caiu.
Será possível?
Tudo o que preciso
Tá no chão!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Esquece





Eu tentava entender o que se passa
e tentava não chorar
sem desespero
esquecia do tempo
olhava pra mim
Mas nos meus detalhes
eu te via
na minha confusão
você sorria
e quando eu te buscava
fugia

Eu tentava esquecer o que ameaça
e só lembrava de você
Lembrei do cheiro que não passa
do riso que faz com que eu me renda
de graça
do medo que entra, vai, volta, se senta
ao meu lado, na praça

Não, você não sabe o que eu passo
Eu me arrepio
me desespero
Aqui dentro eu sinto frio
tenho medo do que quero.
Não, você não sabe o que eu penso
talvez você não pense
talvez você não queira
talvez isso me mate
talvez eu não exista porque isso já me consumiu.
Esquece.

sábado, 30 de outubro de 2010

Segredo dos dois




Eles carregavam o peso de um segredo que não compartilhavam nem com eles mesmos. Eles não se abriam. Eles sentiam e se calavam. Mas era segredo e só cabia a eles carregar, sentir e calar.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Faça valer tanta mudança



Já mudou minha forma de ver o dia, de sentir o vento no rosto, de cantar. Já mudou minha forma de ser, de tentar, de arriscar, de pensar. Eu já não rio como antes, não acordo como antes, tampouco durmo da mesma forma. Mudou o brilho dos meus olhos, a cor dos meus sonhos, pois todos eles agora têm as suas cores, se aderem às suas formas.
Sou só mudanças. Preciso mudar. Pra tentar me entender, talvez. Mas o que me transforma agora já tem vontade própria e eu sei, não faz por querer. E não me ajuda a me entender, pelo contrário, me confunde cada vez mais.
E eu mudei. Mudei o perfume, o caminho de volta, o caminho de ida, os móveis do quarto, a direção dos meus versos, o rumo dos acordes, o tom da voz, a cor da parede, o destino dos voos, o CD do rádio, o refrão na memória. E eu mudei. Mudei porque sinto algo pulsar em mim, cá dentro do peito, com a mesma velocidade dos seus passos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O que me convém





Não sei mais se convém reclamar de tudo. Talvez tudo não precise mudar. Tá bom assim, só quero um tempo longe do que me faz querer estar lá e estar aqui, onde estou, ao mesmo tempo. Longe do que me faz rir até sem ver e do que me faz ver tudo e querer chorar. Longe do que me confunde, me assusta, me amedronta, do que me faz não ser eu, tão centrada, pensante, calculista. Não, espera um pouco, essa sou eu mesma? E quem vai me responder? Quem vai se dispor a me acolher na hora das dúvidas? Quem vai me abraçar e dizer pra não chorar porque isso passa? Quem vai fazer planos de viajar, conhecer lugares, aproveitar a vida? Quem vai lembrar de cada momento engraçado que a gente jurou nunca esquecer, mas talvez tenhamos nos esquecido de lembrar disso?
Me sinto frágil demais pra enfrentar alguma coisa que possa me machucar e isso às vezes me tira a vontade da batalha. Não me faz covarde, me faz desmotivada. Ou covarde?
Será que vou viver a minha vida toda, que eu sei que nem começou direito, assim, sofrendo por antecipação, sem cara pra dizer o que sinto e prevendo o fim desastroso de todos os acontecimentos? Isso cansa, deixa sem força, sem vontade de seguir. Não tome isso como drama, é só um desabafo. E quem vai me ouvir e dizer que me entende mesmo sendo mentira?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"E se eu sofrer?"

- Mãe, onde se compra um amigo?
- Ali, filha, naquela loja ali - você vê? - onde tem uma vitrine enorme.
- E abraços, sorrisos sinceros, olhares aconchegantes, é ali também que vende?
- Seguinte, isso não se vende separado, tem que ser o conjunto. São complementos do amigo. É um produto só.
- Não vem com defeito, mãe?
- Geralmente não. Por que? Você quer um?
- É só curiosidade mesmo... Fiquei sabendo que é difícil escolher, é verdade?
- Não, não é. É uma questão de.. química? Não sei o que acontece. Você vai na vitrine, bate o olho e diz 'é esse!'. Mas acontece de você comprar, vê que não era aquilo, ele não te agrada, você não agrada a ele e então você corre pra comprar outro.
- Fiquei sabendo de uma amiga minha que comprou um que não tem mais todas as peças.
- Mas veio com defeito? Faltava o quê? Isso é incomum.
- Pois é. Mas aconteceu o seguinte: ela comprou um produto perfeito, com todos os complementos. Colocou dentro da sacola e foi embora. No meio do caminho, algumas peças se soltaram, esses complemetos aí que a senhora falou e mais alguns, um pouco de confiança, respeito, benevolência. E a casa dela nem era longe da loja.
- Minha nossa! E aí? O que ela fez depois disso?
- Eu não sei a história toda ao certo. Parece que ela não quis descartar o produto, mesmo fazendo mal a ela. Não mais a vi depois do ocorrido, ela não sai mais.
- Comprou o produto errado.
- Acho que não, mãe. Acho que o produto foi tomando novas formas no caminho para casa e ela não se adequou à elas.
- E está sofrendo agora?! Sem nenhum motivo?
- Pois é... Talvez não valha a pena tanto sacrifício. Vai saber...
- Mas... Olha, filha, a loja é bonita, é grande, tem várias opções. Se você quiser um...
- Não, melhor não.
- Mas por que???
- Acho que não sou uma pessoa que não se adequa com facilidade a muitas mudanças.
- E daí?
- Se o produto da minha amiga mudou tanto e ela mora perto da loja, imagina um produto meu como vai chegar em casa, sendo que nossa casa fica do outro lado da cidade?!
- Não seja medrosa.
- Não é medo, mãe. É precaução.
- E vai viver sem amigos?
- Até quando eu aguentar. Pra não sofrer.
- Pior é ficar sozinha.
- Não, pior é se decepcionar.
- De forma alguma. Larga mão dessa besteira, vai escolher seu amigo, eu pago, presente de aniversário.
- Belo presente... Não quero, mãe.
- Vai te fazer bem, filha.
- Quem garante?
- Eu.
- E se eu sofrer?
- Te acolho.
- Por que tanto medo?
- Já disse, não é medo. É precaução. Tá ok, vou comprar o meu. Mas que fique claro: não vou amá-lo nem necessitar dele nunca na minha vida.
- Se você conseguir...
- Me deixa terminar, mãe!
- Adiante.
- Eu não vou nem lembrar dele.
- Mais o quê?
- Ele vai ser completamente indiferente na minha vida.
- Sei...
...
- Ô mãe...
- Sim?
- A gente pode comprar outro dia?
- Por que, filha?
- Acho que estou com medo.
- Ah é? Medo de quê, especificamente?
- De magoá-lo algum dia.

sábado, 9 de outubro de 2010

Carta II





Olha, eu queria ter a certeza de que você está realmente bem. Está? Acho que se você estiver, vai me deixar bem mais tranquila. É que a gente não anda conversando tanto ultimamente (tanto quanto eu penso ser necessário). Eu queria saber de você, dos seus sonhos, dos seus medos. Você sabe de tudo o que diz respeito a mim, eu tento te por a par de tudo. Mas é que eu ando com umas coisas na cabeça, umas ideias meio sem nexo que me tiram o sossego, me tiram a paz, me fazem chorar (só não choro agora porque estou me segurando). Você sabe o quanto eu sou fraca, dependente e insegura, e isso talvez te faça pensar que eu nunca tenho certeza do que sinto, do que sou, do que quero. Pois eu sei o que sinto, o que sou e o que quero agora. Só agora. Sou insegura quanto ao futuro.
Espero que você leia isso aqui algum dia e saiba que te preciso, que essa nossa distância não me faz bem. Olha, sinto uma forte necessidade do seu abraço, faz tempo que eu não o tenho. Talvez ele me conforte, me faça sentir bem e protegida. Isso de se sentir perdida em meio a tudo não é legal, bate um desespero, uma vontade de se encontrar, de se reencontrar. Eu não me acho. Queria você comigo nessa procura.
Sim, eu tento ao máximo seguir os seus conselhos. São os conselhos aos quais mais dou ouvidos, sabe? Mesmo que não pareça. Sei que só quer meu bem. Eu também te quero bem, muito bem, por isso mesmo me esforço pra seguir os seus tão bons conselhos, que às vezes saem em forma de bronca, às vezes em tom de brincadeira, de desabafo, de desespero ou simplesmente em tom de conselho mesmo. Não pense que tento me reformular toda só pra te satisfazer, apenas tento me tornar uma pessoa de melhor convivência. É preciso mudar às vezes. Ah, não tomo conhecimento das suas mudanças interiores. Você aí no seu mundo tão seu e eu tentando te compreender. Talvez esteja aí a resposta para os meus erros em relação a você: dificilmente você dá a entender o que quer. E eu só queria você menos distante um pouquinho. Eu queria ver aquele seu sorriso de novo que me faz tanta falta no dia-a-dia corrido. Será que você me entende? A saudade me fez derramar agora todas as lágrimas que eu insistia em segurar desde o início da carta.
Acho que não vou mais tomar o seu tempo. Isso se você tiver lido e interpretado tudo o que eu quis dizer. Por favor, não me entenda mal, eu não quero nada que você não queira, não quero nada além de você do meu lado. Sinto saudade do seu sorriso e do seu abraço. Sinto agora uma saudade de antes e espero não sentir mais no depois, mas o depois faz parte do futuro... E eu ainda tenho medo do futuro. Mas como você está?

domingo, 3 de outubro de 2010

E era possível



Ela não recebia cartas, não ganhava flores nem músicas. Ela não era presenteada com balas, abraços, sorrisos. Não ouvia serenatas nem vozes apaixonadas pelo telefone. Mensagens repentinas, recadinhos escondidos, ligações noturnas... Ela não tinha nada disso.
Mas ela não era vazia. Ela recebia amor, ela dava amor, tudo de forma subjetiva. Se sentiu completa quando viu que isso era possível. Ela sabia que recebia amor, talvez pelo vento, talvez por olhares nunca permitidos, suspiros retraídos, escondidos, falsamente nunca existentes. Sua intuição não falhava, ela era amada de uma forma nada clichê.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Carta I (essa é pra mim mesma)




Primeiramente, não tome isso aqui como um esporro e, sim, como alguns conselhos de quem lhe quer muito bem, de quem precisa de você. É preciso que você tenha algumas mudanças caso queria ser feliz de fato. Não que você não saiba o seu caminho pra felicidade, mas é que da forma como você está indo, vai acabar sofrendo muito e eu não quero isso. Não vou só falar de defeitos, mas vou priorizar aquilo com o que você não sabe lidar.
Para começar, não se apegue tanto assim às pessoas. Pode não ser sempre, mas muitas vezes você vai se decepcionar com muitas delas. Elas não são perfeitas, não crie tantas esperanças. Essa sua visão muito romântica de tudo pode não te fazer sempre bem. Mas é legal, às vezes, olhar pro seu rosto e ver seus olhos brilhando por coisa boba, seu sorriso estampado de orelha à orelha por quase nada. É, assim você se contenta com pouco, não vai exigir muito pra ser feliz, mas por conta disso podem querer não te dar muito, podem querer não se doar por inteiro a você.
Suas idealizações me espantam! Entenda: vai ser muito difícil você encontrar alguém que veja com bons olhos toda a sua dedicação para com quem você gosta. Talvez nem mesmo quem você goste vá entender sua preocupação, sua intensa vontade de saber tudo pra tentar poder ajudar em tudo. Você pode ser uma pessoa presente mesmo não entrando tanto na vida dos outros. Isso de entrar de cabeça na vida das pessoas das quais gostamos nem é tão bom assim. Tirando a parte de que se fica à par de tudo o que acontece, você sofre por coisas que não te dizem respeito.
Às vezes acho que você gosta demais e isso não é bom. Tudo demais faz mal (clichê, mas verdade). Tá, eu sei, 'antes pecar pelo excesso que pela falta', mas é que seu excesso ultrapassa os limites, entende? Vai com calma, goste de tudo na medida certa, não exagere. Gostar das coisas, dos momentos, dos amigos é bom e normal. Digamos, essencial. Mas não passe da quantidade saudável.
Não chore mais por tudo! Não seja tão sensível assim! Quer ser feliz mesmo, não quer? Então aprenda a ser forte, menina! Já que gosta de escrever, afogue-se nas palavras, perca-se no meio delas, entregue-se a elas, fraqueje perante todas elas, perante seus sentimentos ali depositados, mas seja forte perante os outros. As pessoas vêem fraqueza como oportunidade de se passar por cima.
Pra terminar, como uma conclusão um pouco pobre, sem muita sofisticação, vou te dar o conselho que você deveria seguir há muito tempo, desde quando eu o dei pela primeira vez: ah, menina, saiba dosar-se! Siga seu coração, mas saiba dosá-lo também. Dose seus sentimentos, seus medos, seus desejos. Não saia do seu estado de alerta. Todo cuidado é pouco, sempre.
ASS: Eu mesma.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Eu Rio

Eu queria saber o que se passa na sua cabeça
o que você pensa
o que te faz pensar
o que te enche a vista
o que te dá orgulho
o que te faz ser

Eu queria ser quem te cora a face
quem te embala o sono
quem te faz se mover
acordar, cantar
chover

Eu queria te fazer a cabeça
aconselhar a olhar pro céu
olhar pro chão
olhar pro lado, pra mim
olhar em volta
vê: tudo dança, tudo brinca
você passa
eu acho graça
eu rio
e deságuo no seu sorriso
nos seus olhos.

sábado, 18 de setembro de 2010

Se quiser entender

Havia um gato miando.
Eu ouvi o gato. Eu olhei o gato.
O gato não me olhou.
Fui embora e deixei o gato pra trás.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Pra variar

- Por favor, liga o rádio e acenda a luz.

Percebi que me permito rir mais que o necessário, o que faz bem pra minha alma. Preciso aprender a rir também quando a vontade que mais se apossar de mim for a de chorar, ou então a de perder os sentidos. Preciso aprender a ficar louca. Pra variar.
Penso que basta enlouquecer pra tudo fazer sentido, sendo que o verdadeiro sentido de tudo é não precisar ter sentido pra fazer bem. Se faz bem, não precisa de nenhum porquê.

- Já disse, liga o rádio e acenda a luz.

Tenho tirado algumas horas do meu dia pra pensar no que eu realmente quero pensar. Mas quando penso, me confundo toda. Logo quero não pensar mais. Ou quero pensar no que não me faça pensar mais nisso. Ah, me satisfaço em questão de pensamentos quando lembro que sei de quem me entende até mesmo quando nem eu me entendo e eu quero isso comigo sempre, ou melhor, quero isso em mim. Sou um ser muito confuso. Toda confusão se faz presente quando tento me entender. Mais fácil seria não tentar me entender nunca, certo? Mas sou tão confusa que sei que não vou escolher esse caminho, o de não tentar me entender, simplesmente por ser o mais fácil.

- Aumenta o volume do rádio, essa música é boa. Pelo menos é melhor que esse falatório seu.

Isso de falar comigo mesma é muito legal. Me dá a certeza que eu sou mais confusa do que eu posso imaginar, pois nem falando comigo eu sei o que esperar das minhas próprias respostas. E olha que eu vejo tudo o que eu penso. Acho que estou mesmo ficando louca. Preciso realmente ficar louca. Pra variar.

- Você tá variando. Desliga o rádio e vai dormir.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pensando bem...




Penso no quão complexo é o pensar. No quão doloroso e desgastante se torna esse ato mecânico que me toma, me seduz, me tem por completo. E, por mais que às vezes doa, me vejo dependente, viciada e completamente dominada pela necessidade do pensamento, pelo pensar nos outros, pelo pensar em tudo, pelo pensar na gente que talvez nem exista, pelo pensar no tempo que me envelhece e nos desejos que me transformam.
Penso na tristeza e solidão que deve ser chegar à velhice e não pensar em alguém, mesmo que o isolamento seja bom às vezes. Chegar em uma certa idade e não ter de quem lembrar, alguém que fez toda a diferença no seu passado, que te fez mudar, te fez agir. É, pode ser extremamente triste não pensar em alguém, mas vale a certeza de que alguém pensa em você. Eu, talvez. Quero poder te dar o prazer do confortamento quando nada parecer ter sentido pra você. E faço isso simplesmente por ter certeza de que alguém, seja quem for, você ou qualquer outra pessoa, pensa em mim de vez em quando.
Posso até estar errada, mas essa certeza teima em me seguir e me conforta quando preciso. É bom pensar que alguém pensa em mim na hora de dormir, na hora de acordar, na hora de sair de casa. Alguém deve pensar em mim também na hora de ouvir música, de tocar violão, na hora de cantar. Alguém pensa em mim na hora de atender o telefone, na hora de entrar na internet, na hora de tomar açaí ou comer pão de queijo. Alguém pensa em mim na hora de escrever, na hora de chorar, na hora de rir.
Sabe, pode até ser que não exista ninguém que pense em mim na hora de fazer tudo isso, mas imaginar que existe a mais remota possibilidade de isso acontecer já me faz feliz. Sim, a possibilidade existe, pois estou viva e vivo, mesmo que às vezes não pareça. Sou amor e amo, mesmo que não seja benéfico. Sou pensamentos e penso, porque isso aí já é inevitável.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

É o que acontece





Ando buscando alguma coisa... Coisa essa que eu nem sei se quero encontrar de verdade.
Sinto um vazio por dentro e, na tentativa de preencher tal vazio com tantas buscas, sinto que me perco cada vez mais. Preciso do que não conheço, ou conheço e não sei quão tamanha é a minha necessidade disso.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um recado pra mim mesma

É um momento crítico. Todo cuidado é pouco. Ao mesmo tempo em que preciso me encontrar, desejo fugir de mim. Não sei o que deve falar mais alto: a necessidade ou a vontade. É maravilhoso não deixar-se abater, ver as dificuldades ocupando apenas o lugar que têm que ocupar e não se apossando de corpos inteiros, de mentes inteiras e de almas inteiras. Quero ver toda essa maravilha nisso que chamo de 'minha vida'.
A hora da verdade se faz notória. Minha parte sã e equilibrada precisa dar uns conselhos ao eu confuso e inquieto que me toma. Estranho. Se tenho em mim duas pessoas distintas movidas pelo meu jeito de ver a vida, por que não faço prevalecer a pessoa que quero? Se é de conselhos que preciso, conselhos terei, conselhos darei, conselhos serei. Pra começar, por que pensar tanto? Quanto mais eu penso, mais me desgasto, mais me recuso, mais eu me canso sem ao menos começar. Eu não devia pensar tanto assim, devia deixar acontecer, esquecer as possibilidades, desistir das teses. Pensar demais faz mal e deteriora o ato de fazer, de ser, de agir.
Pra que tanto apego? Não preciso forçar tanto a memória pra lembrar que o que me era indispensável há alguns anos hoje é indiferente. O apego traz consigo o ciúme, a desconfiança, pois ninguém precisa desconfiar do que não tem importância alguma. Se apegar demais a tudo é pedir pra sofrer e eu não quero nem preciso sofrer.
E pra terminar, eu posso abrir mão de muita coisa desnecessária das quais eu não consigo me livrar. Eu posso ser feliz sem todo esse medo que me acompanha, sem toda essa idealização que me pega no colo e me faz dormir, sem toda essa agonia e esse vazio que me dão a mão e me levam pra passear. Algumas mudanças são essenciais caso eu queira ser feliz de fato, e nem são mudanças tão drásticas. Pior seria ter que mudar de nome, de endereço e de cor.
Estou atrás de paz, buscando constantemente um consolo em tudo o que me parece um refúgio. Estou atrás de verdades que me protejam do que temo porém tenho certeza de que terei que enfrentar. E pretendo enfrentar tudo de peito aberto e cabeça erguida, sabendo que os olhos podem se encher d'água mas o vento vai evaporar as lágrimas que caírem.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Que o vento traga...

Lembro do amor das rosas. Lembro das rosas. Grandes, marcantes, com um cheiro inesquecível em cada centímetro quadrado de suas pétalas vermelhas, vivas. Belas rosas. Lindas. Únicas.
Ah, eu lembro do amor das rosas. Era um amor lindo. Um amor que não se via. Aquele amor que pairava no ar, fazia o dia mais belo, fazia o sol mais quente, o vento mais gostoso. Tudo tinha um toque lilás, que pintava o céu e corava os rostos humanos. Amor de rosa é lindo!
Sim, lembro do amor das rosas. Era um amor que se completava, se igualava, se refazia, se inventava. Era um amor com gosto, com cheiro e forma. Era um amor eterno. Porém o fim dos tempos se aproximou rápido demais, a eternidade acabou. Mas ainda há no vento as juras, os sonhos. Que o vento traga tudo isso de volta. Que o vento traga...
Pensei que amor de rosa fosse pra sempre.
Agora, espero que tudo reviva na eternidade do inconsciente. E na eternidade do consciente também, que é mais real, menos ilusório. Espero que tudo seja eterno. E que a eternidade dure.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Assunto comum

Decidi que não vou falar de mim. Nem dos meus desejos particulares. Resolvi falar de um assunto comum, que às vezes me sufoca, assim como a muita gente. Gente medrosa. Apavorada. Temerosa. É preciso perder o medo.
Medo... Medo de se abrir, de se sentir, de ser, de se permitir, de viver o que se quer.
Isso de se deixar guiar sempre pelo medo é uma forma mais sutil de permitir que tomem as rédeas da sua vida sem que você se dê conta. E quando vê, já é tarde. O medo consome. O medo corrói. É uma inibição da qual é preciso se libertar, não sempre, mas às vezes, porque isso de se mostrar demais é pedir pra sofrer a vida inteira. Não digo para mentir, mas omitir de vez em quando não faz tão mal assim.
Sabe, eu vejo o medo que cai pelo canto da boca de quem o vive, que se evapora e baila pelo ar, que penetra nos poros dos rostos que encontra pelo caminho, que se apodera dos corpos nos quais penetra e que às vezes não cai pelo canto da boca, mas pelo canto do olho. E depois que cai assim, se eleva ao céu, chove. Contamina.
Há muitas pessoas que se entregam ao medo, muitas. Isso tem um nome: genocídio. Mas também não quero falar de mortes, ainda mais se forem lentas, dolorosas, cruéis, como as que o medo proporciona.
Tenho motivos pra falar de medo. Vejo gente que perde oportunidades por conta dele. Que perde a própria felicidade, que perde a chance de ser mais feliz. Vejo gente que podia ser perfeita, mas tem sempre um pouco de medo manchando o pano azul da perfeição. Sim, a perfeição é possivel, só depende dos olhos de quem vê. Mas não há olhos que deixem o medo passar em branco.

terça-feira, 13 de julho de 2010

LTDA.

É normal se sentir sem lugar à vezes. É normal ter medo, se arrepiar, se paralisar. É tudo muito normal, pois normalidade é o que se adequa aos padrões e, cá pra nós, não deviam existir os padrões. Padrões são limites. Por que impor limites? Tudo é tão melhor sem eles. Rebeldia? Justiça. Pois com a existência de limites, alguém sempre sai privilegiado. Alguém sempre está no comando.
Acordei hoje procurando um lugar calmo, com boa companhia e nada pra fazer. Sossego sem limites, entende? É, não consegui, mas tente você algum dia tirar o relógio do pulso e o telefone do gancho. Coloque uma música que te faça bem, pense em algo bom, sorria e chore sem medo. Se quiser, grite, pule na cama, se perca no meio da comida, pegue o dinheiro na carteira e jogue pra cima. Faça o que quiser, SEM LIMITES. Aposto, não vai mais querer regras na sua vida.

domingo, 4 de julho de 2010

É fácil de entender...

Simples: a culpa da dor da gente não é dos nossos sonhos, mas, sim, de quem nos fez ter certeza de que eles se realizariam. Penso que é melhor viver com a dúvida.

domingo, 13 de junho de 2010

Refúgio já!

Complexo? Nada... É apenas sentimento. O máximo de sentimento no mínimo de espaço. Não há nada de errado. Há?
Em tão pouco tempo de vida (todo tempo é pouco), me dei o privilégio de me cansar, de querer não me preocupar, de querer não pensar. Isso de pensar demais acaba desgastando tudo o que se achava ser infinito.
Me dei a permissão de querer uma coisa, uma apenas: refugiar-me. Aonde? Qualquer lugar que proporcione conforto. E paz.
Quero refúgio em uma arredoma, em uma atmosfera. Viverei com a rosa do Pequeno Príncipe. Vou ter paciêcia com toda sua vaidade, com todo o seu egoísmo, contanto que seja apenas isso com o que eu vou ter de lidar.
Vou poder ver sua cor e forma a todo instante, sentir seu cheiro, inspirar-me.
Seremos só nós, quietas, cada qual com seus defeitos. Pode ser que ela não me ature, mas eu seria capaz de aturá-la até que me sinta sem lugar em um lugar só meu (e dela).
Preciso de uma arredoma. De um momento. É tudo sentimento. Em pouco lugar.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ai de mim

Estou num momento incostante, feito de mesclas de plena felicidade e plena inquietude.
Quero menos julgamentos. Quero saber o verdadeiro sentido do tal livre-arbítrio.
Eu quero música, eu quero voz...

Quero confusão, bagunça, como quando te desejo e não posso ter. Como quando sei que te quero e desejo não querer mais.
Ai de mim, pecadora...

Extremos!

Mente repleta de momentos bons, de lugares bons, de sorrisos bons, de amigos bons.
Inconsciente saturado de pensamentos insanos, de vontades absurdas, de desejos imorais.
Ai de mim, na simples condição de ser vivente e pecador...
Ai de mim, que só quero mesmo ser feliz de verdade.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

É hora de mudar. É hora de ter forças pra mudar.
Preciso buscar o que, de fato, é bom pra mim
e parar de correr atrás do que julgo que me fará bem
num futuro que não sei quando há de chegar.
Futuro,
eu quero é tudo o que vier
tudo o que você, ó Futuro, mandar.
Mas mande o que é bom pra nós.

É. É hora de mudar.
Momento de ver as estrelas do céu
e não as dos seus olhos.
Momento de sentir o cheiro da noite que chega
e não o seu cheiro que me embriga e se vai.
É hora de seguir a intuição
de calar um pouco o coração
e apenas ouvi-lo bater, nada falar.
Hora de cantar o mundo, cantar ao mundo.

É hora de me mudar
Mudar daqui, mudar de mim, mudar de você.
É hora de pular nas asas da primeira ave que passar
de fechar os ouvidos pra qualquer canção que não seja a minha
de fechar os olhos pra qualquer luz que te ilumine e me ofusque
de dizer ao mundo que eu vivo
não apenas em função de te ver me olhando.

Vou pegar carona com a Liberdade
pra correr atrás do meu futuro.
É isso.

domingo, 16 de maio de 2010

"(...) - Eu percorrerei o mundo inteiro para te matar um desejo! E, quando dormires, estarei ao teu lado, pedindo a Deus que te dê bons sonhos e encha tua alma de consolações.
- Como sou feliz agora, meu amigo...
- Sim, tu serás muito feliz, porque aqui não haverá ódios nunca, nem invejas, nem ambições, nem vícios; aqui só o amor existe! Este é o seu reino; nada aqui vive senão dele e para ele! Amarmo-nos será o nosso único destino e o nosso único dever. (...) Olha para cima da tua cabeça; olha para baixo dos teus pés; olha para os lados e observa! Está tudo amando! Em cada beijo que damos, um infinito de vidas se forma entre nossos lábios!"
('O Homem' - Aluísio Azevedo)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

"Por favor, vem!". É o que a noite parece dizer assim que chega. A noite tão negra, tão crua, tão nua, noite de Lua, a noite tão noite, adormecendo quem acordou, descansando quem correu, abraçando quem sofreu. "Por favor, vem!". Ela me chama tão forte a ponto de me doer a mente só de pensar em negar seu convite. Ela me chama. Pra desvendar o mundo que agora não está em si. Pra descolorir o que o dia, a contra-gosto, coloriu. Pra traduzir o que ninguém soube explicar e, quem sabe, entender o que até hoje, até agora, eu não entendi.
"Por favor, vem!". É o que eu vou dizer à noite assim que meu interior não quiser anoitecer. Preciso de calma, preciso de cama, silêncio, frio. Preciso descansar, me acalmar. "Por favor, vem!". Eu grito isso e até me dói a garganta, seca a boca. Necessito da noite em mim. E a noite me quer nela.
A noite me chama. E eu vou.

sábado, 24 de abril de 2010

Inconstante. Errante. Vivente. Ando atrás de coisas grátis. Sorrisos. Risos. Pensamentos. Sentimentos. Ando atrás do que me faça bem. Desejos...
Eu vejo a poesia nos meus desejos, nos meus sonhos infantis de uma anciã confusa, na minha juventude que pede para que eu cresça, na minha vida adulta que pede para que eu nunca deixe de brincar. Eu vejo a poesia que brinca no ar e leva meus abraços a quem está longe. Eu vejo a poesia. E preciso vê-la para me sentir completa, mesmo que me falte algumas pequenas partes. Ah, aquela pequena poderia me completar!...
Ofegante. Amedrontada. Incompleta. Estou pronta para ser reeditada.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Quanto mais tento entender, mais me vejo imersa em dúvidas. São esses desejos estranhos. Esses meus estranhos intentos.Vontade de ser tudo o que puder afim de não mais precisar de nada ou ninguém. Vontade também de não ser nada para, assim, não ter de me preocupar com responsabilidade alguma. Mas o que mais me consome é a vontade de ter vontades. É a vontade de querer algo sempre e sempre almejar o que, de fato, não me é concedido por maldade do mundo ou por incapacidade minha.
Quanto mais busco a superfície, mais sou levada ao fundo. Vai entender essas vontades estranhas. E eu me importo? Quero mais é me afogar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Há ligeiras dúvidas que me atormentam: o que fazer quando o objeto de desejo não se encontra ao seu alcance? O que fazer quando o lugar que lhe serve de aconchego não fica à vista, mesmo que longe, lá, no horizonte? O que fazer quando dúvidas ligeiras, que deveriam ser sempre passageiras, não passam?
Eu tenho um desejo incontrolável de viver aventuras, de ser feliz, de não me preocupar com o que vão achar, pensar ou fazer a respeito disso.
Eu tenho uma sede insaciável de certos olhos nos quais não posso depositar minhas horas de agonia, meus flertes ingênuos, meus carinhos sinceros.
Tenho também um 'porém', um freio, uma trava. Eu tenho meu medo. Meu amigo de todas as horas que poderiam, ou não, me fazer a pessoa mais contente do mundo. Amigo que me priva de muitos perigos, mas também de emoções que não voltarão.
- Me perdoe, ó amigo tão fiel, mas sua companhia não anda me fazendo mais tão bem. Espero que me entenda, mas quero me permitir, quero ter motivos sinceros para sorrir, quero poder chorar e saber que a responsabilidade por tal choro é minha e só minha, por ter me permitido embarcar na situação.
- E quem irá te protejer do mal do amor?
- Amigo meu, quem precisa de proteção quanto à isso? Eu quero romances. Eu quero um romance com aqueles olhos distantes. Eu quero romances pra vida toda. Não me importo se vou chorar, sabendo que essa possibilidade há de existir sempre, não só nos romances.
- Mas eu, seu amigo medo, temo por ti. Quem irá te segurar nos braços, te passar a mão na cabeça, te privar das situações de risco?
- ó, medo... Grata por sua preocupação. Mas não se apavore. Ando atrás de emoções, de choros sinceros, risos intermináveis. Quero aventuras, confusões, problemas, algumas soluções. Quero caminhos longos, noites eternas, abraços a cada segundo, olhares permanentes ( quero aqueles olhos também ). Quero riscos. E não se preocupe, minha amiga sorte há de me acompanhar.