quarta-feira, 20 de julho de 2011

Te apresento: o meu monstro




Movida por toda vergonha que agora me pesa a consciência, eu admito: menti. Eu menti. Eu menti. Dói, mas eu tenho de aceitar o fato de que eu enganei, iludi, fui hipócrita com quem mais precisava da minha lealdade: eu menti pra mim. Admito também que foi fácil me enganar e alimentar as verdades que eu lamentavelmente criei.
Pois pense você que o que eu mais queria agora era esconder o rosto, não tenho ideia de qual será a minha reação quando eu tiver de me encarar de novo no espelho. Tamanha a minha vergonha que custei a pegar no sono, que não durou muito, e logo veio a madrugada me puxar o pé, tirar as cobertas e me obrigar a pensar em maneiras de pedir perdão.
Dentre todos os fatos que me pesam a consciência, o pior de todos, o mais pesado, desconfortável, o mais espaçoso, o que mais machuca foi ter me dado uma rasteira, me jogado em um desfiladeiro e depois me empurrado em um poço. Eu inventei e, pior, alimentei esperanças que não deviam ter existido e agora que elas chegaram obrigatoriamente ao fim, eu não vejo como me dar a mão para sair do poço, curar as feridas, reconstituir a boa aparência, devolver o riso fácil e apontar o novo rumo a ser seguido. Eu menti pra mim mesma, fui covarde, trapaceei e essa aceitação talvez seja vista como um primeiro passo para refazer a minha moral, mas, repito, eu menti pra mim mesma e isso me soa tão agradável quanto um tapa na cara.

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