terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Eu e aquela nuvem ali





É errado tentar se apossar de uma nuvem que voa vaga pela céu? Tendo em vista que ela não tem dono, isso pode ser visto como um aprisionamento. Tendo em vista que essa posse pode fazer bem à nuvem, isso pode ser visto como uma salvação.
Eu quis pegar uma nuvem pra mim e tê-la no teto do meu quarto. Quando eu saísse, pegar um pedacinho de nuvem e por no bolso ou na bolsa. Quando eu tivesse fome, comê-la. Quando eu estivesse triste, me esconder nela. Eu tanto quis pegar a nuvem pra mim, que me acusaram de privatizar o que não tem dono, me chamaram possessiva e egoísta. Eu só queria salvar aquela nuvem solitária, juntando a solidão dela com a minha - veja só que belo, duas solidões juntas podem se completar! -. Eu tanto quis a nuvem que, na tentativa de pegá-la sem que ninguém percebesse, me distraí, ela fugiu amedrontada, vagou pra outro lado do céu onde minha visão não alcança.
Minha vida com a nuvem poderia ser bela, não fosse a minha tentativa de posse. Esse mundo capitalista! Pense, eu poderia vê-la no céu, decifrar suas formas. Sim, eu gosto do que não tem forma certa, do que muda, do que me faz querer entender mas que não exige explicações, eu gosto do incerto. Aí está: gosto de nuvens. Eu queria uma, mas nenhuma nuvem quis ser minha ainda. Talvez chova e ela venha a mim em forma de água.

2 comentários:

  1. A gente poderia vê-la no céu, mas apenas admirá-la não é o suficiente. Queremos possuí-la, tê-la somente pra gente, mas nem toda nuvem que queremos, quer ser nossa também. :/

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  2. nem toda nuvem que queremos, quer ser nossa também. [2]

    =\

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