quinta-feira, 19 de junho de 2014

Saída para os tempos de metamorfose

Está tudo tão mudado que precisei fazer novos amigos. Não nego, procurei com tal desvario que de início me apegava a qualquer sorriso fácil que me aparecia. Muito me admira não me corar a face quando assumo, como agora, que a amizade que mais me valeu desde então foi justamente aquela cujos dentes nunca vi expostos e reluzentes num sorriso largo. Saudade. Minha melhor amiga nesses tempos de metamorfose: a Saudade. É uma bela amizade, pelo menos aos olhos de quem dela necessita. Não nos buscamos incessantemente, visto que não nos necessitamos tanto assim, só quando o vazio aperta. Muito me agrada o fato de não chamá-la, pois, acredite, ela sempre sabe quando é o momento de me abordar. Procuro não aborrecê-la, até quando ela se esquece do caminho de casa e fica comigo, me embalando em seus braços mesmo quando outros afazeres me esperam. Está tudo tão mudado que até as minhas crises estão mais racionais, menos trabalhadas na revolta. A Saudade entende meu apego (insensato) pelo que já passou e a minha falta de coragem pelo que há de surgir e me desmontar por completo. A incerteza é o que me desarma. A Saudade é o que me acolhe. E, tomada pela convulsão que o medo gera, só me permito murmurar: "Me dá a mão, Saudade, e me permita desacelerar um pouco o passo (tão frenético, tão sorrateiro)".

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  2. Lindo texto maninha ! Parabéns ! Sempre continue escrevendo esses seus brilhantes textos! BJOS

    ResponderExcluir
  3. Tem dias que me lembro das antigas amizades e daria muito, ou tudo por elas de volta. Não acabou, só mudou. E da mudança a gente pode esperar tudo e sem ter o que fazer pra impedir. Não há o que fazer... Não é que a gente corre, acho que é tipo, nem todos vão no mesmo passo.
    Boa semana pra ti! =]

    ResponderExcluir